Textos do Caderno do Aluno em áudio

20 de março de 2015 Deixe um comentário

No ano de 2015, alguns textos dos Caderno do Aluno de 1º e 2º anos serão gravados em mp3. É possível ver no site e através de apps que administram podcasts (dica de app: Podkicker).

Link do site – http://www.podcastgarden.com/podcast/socializando

Nome do podcast para buscar nos administradores de podcast – Socializando

Aproveite e ouça os textos a qualquer momento baixando no celular.

 

2º ano do EM – A NOÇÃO DE CULTURA E A IDEIA DE CULTURA DE MASSA

23 de maio de 2010 16 comentários

Toda cultura é transmitia pelos seres humanos através da linguagem. A linguagem é uma capacidade de muitas espécies de animais, principalmente os animais que vivem em grupos ou colônias. Porém, a semelhança com os seres humanos termina por aí.

Vamos pensar no caso das abelhas:

“As abelhas se organizam em grupos e possuem regras e atividades para cada um. Mas as abelhas de uma mesma espécie sempre se relacionam com o mesmo meio da mesma forma. Só ocorre uma alteração no seu comportamento devido alguma alteração no meio, mas caso isso não ocorra, elas simplesmente reproduzem o seu modo de vida. Desta forma pode-se dizer que elas se adaptam ao meio, ou a alterações do meio, mas não o transformam. Essa capacidade de transformar o próprio comportamento e a natureza é própria do homem.”

Podemos afirmar que dentre as abelhas existe uma organização de um grupo, como em uma sociedade, mas não podemos afirmar que elas possuem tradição ou cultura. A tradição é um fenômeno que compreende a transmissão e elaboração de valores que possibilitem uma distinção de um grupo em relação a qualquer outro da mesma espécie. Uma tradição é mais do que um conjunto de escolhas ou regras, pois até os animais seguem regras. Quando olhamos o ninho de um joão-de-barro, poderemos afirmar que todos os ninhos são iguais ao observado, porém, dada a variada cultura humana, não servirá de exemplo uma casa humana para generalizarmos toas as casas humanas.

O PAPEL DA LINGUAGEM NA TRANSMISSÃO CULTURAL E OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO EM MASSA

Assim como foi dito no 1º bimestre do 1º ano do ensino médio, não existe cultura individual, pois só os grupos humanos podem formá-la. O homem, ao nascer, é um dos animais mais frágeis, havendo a necessidade de dar-lhe tudo durante os primeiros anos de vida, porém, ao contrário dos outros animais, o homem consegue desde cedo aprender várias coisas, como a cultura diferente da dos seus antepassados. Se um indivíduo nascido no Brasil for levado à China durante seus primeiros meses de vida e crescer no meio de uma família chinesa, a cultura que ele irá adquirir é a cultura que esta família o ensinar: ele não saberá o português e nem terá os mesmos hábitos e gostos que seus pais biológicos. Ao contrário, se um gato selvagem for criado entre nós, ele nunca agirá 100% como um gato doméstico, pois o comportamento selvagem é regido pelos instintos. No caso do homem, seu comportamento é regido pela cultura na qual ele está inserido, cultura esta transmitida pela linguagem.

A linguagem para o homem tem total importância para a constituição do que ele é. Através da linguagem em todas as suas formas, é possível transmitir símbolos e sinais. Quais seriam as formas de transmissão da cultura? Seriam estes: A família, os amigos, o trabalho, a vizinhança, a escola, o rádio, a televisão, a internet, os jornais, os livros, a musica, as obras de arte, entre outros.

CULTURA VERSUS CULTURA DE MASSA

Nós sabemos o que é cultura, mas, afinal, o que seria cultura de massa? Podemos usar um conceito recorrente na sociologia, de que “massa” seria um grande conjunto de pessoas, de variadas origens sociais e geográficas, porém, com normas de comportamento e valores que não se diferenciam entre si. Podemos ver o termo massa sendo usado para referir-se ao conjunto da população ou a algo referente àquilo que é popular. Em todo o caso, não se indica ais distinguir cultura de massa de cultura erudita, como se a segunda fosse acessada somente por um grupo de pessoas, como uma elite. A cultura é, em si, partilhada em diferentes segmentos que a compõe, formando uma grande e única cultura partilhada por todos, havendo somente um lugar próprio para cada segmento dentro da cultura partilhada pó todos.

Haveria ainda, a distinção da “cultura de massa” de “cultura para as massas”, pois o contato com uma determinada informação ou idéia será interpretado de maneira particular por cada segmento da sociedade. Quando um produto é lançado no mercado, isso não quer dizer que o mesmo será consumido em larga escala por todas as pessoas, independente de idade, gênero, ou grupo social. Vamos pensar em um produto comum hoje, o telefone:

“Hoje o telefone é um importante meio de comunicação. Ele sofisticou-se e virou o telefone celular. Milhões de equipamentos são fabricados e vendidos todos os anos, para os mais diferentes países. Além do mais, são cobiçados pelas pessoas, pois os mais novos modelos surgem dia-a-dia. Entretanto, sua história não foi sempre repleta de triunfos e aceitação. Quando ele surgiu, não foi bem-aceito em muitos lugares. Ao que parece, era visto por muitos como um intruso no espaço privado. Numa época marcada pela formalidade, onde era inconcebível que as pessoas se visitassem sem marcar com antecedência o encontro, este aparelho que toca sem hora marcada incomodou muitas pessoas. Para elas, ele invadia a privacidade. Afinal de contas, podia tocar nos momentos mais improváveis.

Como as casas abastadas quem atendia (a atende até hoje) a campainha são os empregados da casa, até o ato de levantar para atendê-lo não era bem visto pelas pessoas da elite, pois parecia um gesto servil. Logo, para que essa invenção se tornasse um meio de comunicação de massa aceito por todos, foram necessárias várias décadas.”

Pontos fundamentais desta aula:

  • A linguagem é uma característica em muitos animais, mas ela não tem obrigatoriamente relação com a cultura;
  • Cultura e tradição são transmitidas pela linguagem;
  • Tradição é um conjunto de valores de um grupo e que distingue um grupo em relação aos outros;
  • A linguagem pode ser: imagética, sonora e escrita;
  • Cultura de massa compreende características ou valores que são adquiridos por uma grande parcela da população, não sendo, necessariamente, a mais pobre;
  • Os valores ou características podem se tornar (ou deixarem de ser) culturas de massa, dependendo da forma com que as pessoas interagem com ela;
  • A cultura de massa pode ser acessada da mesma maneira por todos, mas cada grupo irá interpretá-la a sua maneira, podendo, assim, não adicioná-la a sua realidade, como, por exemplo, quando da criação do telefone.

Pergunta:

Explique a seguinte afirmação (5 linhas): “Por mais ‘padronizado’ que seja o produto de uma emissão, sua recepção não pode ser uniforme e depende muito das particularidades culturais de cada grupo, bem como a situação que cada grupo vive no momento da recepção.” CUCHE, Dennys, A noção de cultura nas ciências sociais, 2 ed. Bauru: Edusc, 2002. (Enviar resposta até o dia 30/05/2010, às 17:00).

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1º ano do EM – A socialização

18 de maio de 2010 8 comentários

No 1º bimestre, na aula intitulada “O homem é um ser social”, ficamos sabendo que, o homem, tal como o conhecemos, só se estabelece como homem quando vive juntos aos seus pares. Veremos agora outro ponto fundamental: O homem é um ser “histórico”. A história humana pode se estabelecer em dois planos fundamentais: sua história particular e a história do grupo no qual ele está inserido. Vamos refletir acerca das perguntas do Caderno do Aluno, pg. 3:

Todos nós somos capazes, ou ao menos deveríamos ser, de percebermos como nos relacionamos com os outros, seja pela nossa vivência no mesmo bairro ou cidade, pela língua, ou até pelos momentos históricos que já vivenciamos desde o dia do nosso nascimento. Nas últimas 2 décadas, o Brasil ganhou duas copas mundiais de futebol, já tivemos duas moedas (cruzeiro real e o real), o mundo já passou pelo fim da União Soviética, pela guerra do Kosovo, do Afeganistão, do Golfo Pérsico, e hoje passa pela guerra do Iraque. Um dos fatos mais relevantes é o que ocorreu em 11 de setembro de 2001: Com a derrubada as torres do World Trade Center, em Nova Iorque, nos EUA, o mundo passou a olhar de maneira preocupada para o crescimento do extremismo religioso. Mas além desses grandes fatos, quais outros, particulares, estão relacionados com nossas vidas?

Quanto aos vídeos: O vídeo sobre o a Guerra do Golfo e sobre o atentado de 11 de setembro falam dos presidentes “George Bush”. Na Guerra do Golfo, o presidente era George Herbert Walker Bush (Bush Senior). Na época do atentado, o presidente era George Walker Bush (Bush Junior).

QUEM SOMO NÓS?

Lembrar o que aconteceu desde o dia do nascimento até o momento presente (perguntando aos nosso país, tios, irmãos mais velhos) possibilita pensar também deste momento para além: Estamos inseridos na história e, se quisermos, podemos ajudar a construí-la de forma ativa.

Os fatos mais comuns que ocorrem em nossas vidas, pensando na juventude, seriam: mudança de residência, de bairro, de cidade, de estado; mudança de da pré-escola para a escola ou mudança de escola por ter que se mudar de cidade. Estas mudanças são marcantes em qualquer fase da vida pelos amigos que deixamos e a necessidade de conquistarmos novos. Todas essas coisas são parte de nossa história. No aspecto educação, podemos ampliar nossa perspectiva, pensando por que nos estudamos. As três respostas mais recorrentes são: porque é necessário para ter um bom emprego; porque é importante ter conhecimento para a vida e; porque é obrigatório. A terceira resposta é a mais perigosa, pois carrega em si a incapacidade de entender qual a importância, como pessoa e profissional, que tem o conhecimento que se pode adquirir através da educação, mesmo porque, além de uma imposição, a educação é, como direito universal, muito recente, negado há várias gerações.

Tomando com base o texto de CHAMOUX (2003), pgs 4-5 do Caderno do Aluno, podemos ver uma situação recorrente até hoje: o ensino privado. Uma educação que, no caso dos atenienses, era direcionada apenas para os filhos dos cidadãos, sendo vetado às meninas, servos e estrangeiros. No caso brasileiro, a educação universal pública é recente, tendo um maior impulso após 1980 e ainda apresentando grande déficit de vagas aos alunos na faixa de 0-4 anos e nas séries do ensino médio. Antes disso, as pessoas mais pobres buscavam frequentemente bolsas de estudo em colégios particulares, o que mostrava a falta de vagas para todas as crianças, produzindo uma grande taxa de analfabetos no Brasil.

O QUE APRENDEMOS

Nosso desenvolvimento intelectual, assim como nós, se dá através do tempo. Pensando na nossa infância, podemos nos recordar de algumas pessoas que foram muito importantes quando ainda nem tínhamos entrado para escola: pais, tios, irmãos mais velhos, vizinhos, avós, etc. Nesse momento, algumas dessas pessoas, se não todas, auxiliaram nos nossos primeiros passos, primeiras palavras, primeiras brincadeiras. Algumas brincadeiras, às vezes, são aprendidas também com amigos da mesma idade. Na infância, muitas das conquistas são simples, mas essenciais para o nosso desenvolvimento: a fala, a coordenação motora, a participação em grupos. Por mais que algumas coisas, como estas ou as brincadeiras, tenham parecido sair da imaginação ou criadas naturalmente, todas elas se dão através da reprodução, em parte ou no todo, de brincadeiras ou ações já conhecidas por nós. Alguns exemplos são: as brincadeiras de boneca, de “polícia e ladrão”, futebol, entre outras. As regras dessas brincadeiras são deliberadas pelo grupo, e as interpretações são reproduzidas da experiência de cada um. No caso da brincadeira “polícia e ladrão”, após o lançamento do filme “Tropa de Elite”, começou a haver crianças tentando ser o policial do BOPE, e não um policial convencional, assim como ocorrer com a “pedalada”, inventada pelo jogador Robinho, que não era usada nas partidas de futebol porque não se conhecia a técnica.

Aprender a linguagem, as formas e regras de convivência, constitui o que denominamos Socialização, que é o processo passado, fase por fase, por todos. Essa Socialização seria a imersão de cada um em um “mundo vivido”, constituído de um “universo simbólico e cultural” e um “saber sobre este mundo”. A criança nasce sem essa Socialização, que será adquirida aos poucos e possibilitará que essa criança se insira como membro da sociedade.

Para o início da Socialização, os adultos serão muito importantes, pois formarão o que se denomina “aprendizado da socialização primária”: aprender a tomar banho, a se vestir sozinha, executar tarefas domésticas, reproduções daquilo que a crianças vêem ou ouvem das pessoas mais velhas, como os próprios pais. Esse aprendizado normalmente se dá entre os 0-5 anos de idade, mas pode variar de acordo com a própria pessoa, pois ela precisa entender que faz parte de um mundo muito maior do que aquele formado pelas pessoas que fazem parte do seu meio familiar para sair desse aprendizado e passar para o próximo estágio.

COMO PENSAMOS

A Socialização nunca termina. No próximo estágio a criança começa a participar de uma esfera de socialização muito mais ampla, na qual se insere normalmente o espaço escolar. Este espaço pode ter maior impacto se acriança não teve contato anterior com a pré-escola e menor se ela já teve, e ambos se diferem do ambiente familiar no qual a criança já estava acostumada, pois agora esta criança entrará em contato com novos colegas, com professores, com atividades pedagógicas, além de muitos conflitos que ela pode não ter sido preparada.

A mudança pelo contato com o ambiente escolar será um dos muitos possíveis, possibilitando inúmeras modificações em nossa vida. Outros casos – como o nascimento ou a morte de parentes, casamentos ou divórcios, viagens ou mudanças de residência -, também modificam nossa vida ainda no ambiente familiar. O passar do tempo cria novos desejos, novas idéias, que se complementam ou substituem as antigas: brincadeiras que não tem mais graça, novas amizades, vontade de se vesti diferente, de ouvir músicas diferentes. Esses outros contatos com novos espaços de Socialização modificam as características que adquirimos com nossos familiares, às vezes modificando as relações que já tínhamos com a nossa família. Esse processo chama-se “Socialização secundária”, que passamos muitas vezes na vida, na medida que entramos em contato com novos espaços interagimos com novos conhecimentos para lidarmos com essas novas realidades, que podem ou não entrar em conflito com a aprendizagem que adquirimos anteriormente, trazendo durante a vida, experiências positivas ou negativas.

Pontos fundamentais desta aula:

  • O homem só se constitui com tal se ele vive entre outros homens;
  • O homem é um ser que está relacionado diretamente a história, seja a sua própria ou a do grupo que está inserido;
  • A história do nosso grupo também nos afeta e à nossa história particular;
  • A realidade na qual estamos inseridos também é historicamente construída, vide o fato de que a educação não foi sempre um direito, principalmente para as mulheres;
  • Nossas capacidades como pessoas são aprendidas ao longo da nossa vida, sendo que os primeiros anos são fundamentais para o desenvolvimento dos anos seguintes;
  • Os adultos, indivíduos que já passaram pelo processo de Socialização primário, são os responsáveis por nos inserir neste mesmo processo quando somos crianças;
  • A Socialização é um processo que se inicia, mas nunca termina;
  • As experiências no vários espaços de socialização podem ser conflitantes durante a vida, e modificam nossa forma de ver a realidade.

Pergunta:

Explique a seguinte afirmação (5 linhas): “A socialização primária é a primeira socialização que o indivíduo experimenta na infância, e em virtude da qual torna-se membro da sociedade.” BERGER, Peter; LUCKMANN, Thomas,  A construção social da realidade, Petrópolis: Vozes, 2008, p. 175. (Enviar resposta até o dia 29/05/2010, às 22:00).

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Demandas (ir)reais

12 de abril de 2010 2 comentários

Devido aos problemas expostos pelas notas até então dadas aos alunos na primeira e segunda provas, apesar da insistência de que todos expusessem suas dúvidas, haverá, para fechar o bimestre, uma avaliação de recuperação. Sem um projeto organizado com uma proposta pedagógica elaborada de antemão, espero que vocês exponham agora quais pontos consideram essenciais a serem retrabalhados nessa recuperação. Espero que vocês mudem essa mentalidade de serem passivos quanto aos acontecimentos em aula, pois se alguém não aprende, esta pessoa é a prejudicada.

A 2ª prova nesta semana se mantém.

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Trechos de filmes de Sérgio Bianchi – Para os maiores de 16 anos

3 de abril de 2010 Deixe um comentário

“Seriam comicos se não fossem trágicos.”

Ditadura da felicidade – Carnaval (Cronicamente inviável)

Mercado da filantropia (Quanto vale ou é por quilo)

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3º ano do EM – Direitos e Deveres do Cidadão Brasileiro

3 de abril de 2010 1 comentário

Allyne Patrícia Marques Souza Muniz

Cidadão brasileiro. Sociedade. Direitos e deveres. Palavras simples, mas que abrigam sentidos tão complexos. Todos os indivíduos têm direitos e deveres. Devemos lutar para que os direitos sejam respeitados, e ao mesmo tempo, ter consciência dos deveres e cumpri-los.

Na constituição brasileira os artigos referentes a esse assunto podem ser encontrados no Capítulo I, Artigo 5º que trata Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos. Cada um de nós tem o direito de viver, de ser livre, de ter sua casa, de ser respeitado como pessoa, de não ter medo, de não ser pisado por causa de seu sexo, de sua cor, de sua idade, de seu trabalho, da cidade de onde veio, da situação em que está, ou por causa de qualquer outra coisa. Qualquer ser humano é nosso companheiro porque tem os mesmos direitos que nós temos. Esses direitos são sagrados e não podem ser tirados de nós; se forem desrespeitados, continuamos a ser gente e podemos e devemos lutar para que eles sejam reconhecidos. Às vezes cidadãos se vêem privados de usufruírem de seus direitos por que vivem cercados de preconceito e racismo; é incrível, mas ainda nos dias de hoje encontramos pessoas que se sentem no direito de impedir os outros de viver uma vida normal só porque não pertencem a mesma classe social, raça ou religião que a sua. Nós cidadãos brasileiros temos direitos e devemos fazer valer o mesmo independente do que temos ou somos, ainda bem que a cada dia que passa muitas pessoas estão se conscientizando e acabando com o preconceito e aquelas que acabam sofrendo por isso estão correndo atrás de seus direitos.

Mas como cidadão brasileiro, não temos apenas só direitos, mas deveres para com a nação, além de lutar pelos direitos iguais para todos, de defender a pátria, de preservar a natureza, de fazer cumprir as leis e muito mais. Ser cidadão é fazer valer seus direitos e deveres civis e políticos, é exercer a sua cidadania. Com o não cumprimento do dever o cidadão brasileiro pode ser processado juridicamente pelo país e até mesmo privado de sua liberdade.

Por fim, se realmente queremos ser cidadãos plenos e conscientes de nossos deveres de cidadania, temos que lutar para que seja cumprida todas as leis! (…)”

Abaixo está um recorte dos estatutos que tratam de alguns dos direitos humanos nas leis brasileiras aos grupos mais vulneráveis:

Estatuto da Criança e do Adolescente

(…)

Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.

Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade.(…)

Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. (…)

Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.

Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência.

Art. 8º É assegurado à gestante, através do Sistema Único de Saúde, o atendimento pré e perinatal.

§ 1º A gestante será encaminhada aos diferentes níveis de atendimento, segundo critérios médicos específicos, obedecendo-se aos princípios de regionalização e hierarquização do Sistema. (…)

Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis.

Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos: (…)

IV – brincar, praticar esportes e divertir-se;

V – participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação; (…)

Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, idéias e crenças, dos espaços e objetos pessoais. (…)

Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor. (…)

Estatuto do Idoso

Art. 1º É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.

Art. 2º O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhe, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade.

Art. 3º É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária. (…)

Art. 4º Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão, e todo atentado aos seus direitos, por ação ou omissão, será punido na forma da lei.

§ 1º É dever de todos prevenir a ameaça ou violação aos direitos do idoso. (…)

Art. 6º Todo cidadão tem o dever de comunicar à autoridade competente qualquer forma de violação a esta Lei que tenha testemunhado ou de que tenha conhecimento. (…)

§ 3º É dever de todos zelar pela dignidade do idoso, colocando-o a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor. (…)

Lei “Maria da Penha” – Lei 11.340/2006

Art. 1º Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226[1] da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Violência contra a Mulher, da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher e de outros tratados internacionais ratificados pela República Federativa do Brasil; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; e estabelece medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de violência doméstica e familiar.

Art. 2º Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e religião, goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem violência, preservar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social.

Art. 3º Serão asseguradas às mulheres as condições para o exercício efetivo dos direitos à vida, à segurança, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, à moradia, ao acesso à justiça, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.

§ 1º O poder público desenvolverá políticas que visem garantir os direitos humanos das mulheres no âmbito das relações domésticas e familiares no sentido de resguardá-las de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

§ 2º Cabe à família, à sociedade e ao poder público criar as condições necessárias para o efetivo exercício dos direitos enunciados no caput.

Art. 4º  Na interpretação desta Lei, serão considerados os fins sociais a que ela se destina e, especialmente, as condições peculiares das mulheres em situação de violência doméstica e familiar.

FONTE:

Direitos e Deveres do Cidadão Brasileiro http://www.coladaweb.com/direito/direitos-e-deveres-do-cidadao-brasileiro

Estatuto da Criança e do Adolescente – http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8069.htm

Estatuto do Idoso – http://www.planalto.gov.br/ccivil/LEIS/2003/L10.741.htm


[1] A Lei Maria da Penha pressupõe que a violência da Constituição só esteja ligada a violência contra a mulher, porque a lei de 1988 é mais genérica: (…) § 8º. O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações. (…)

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2º ano do EM – A formação da diversidade

3 de abril de 2010 12 comentários

Aculturação e Assimilação:

Além do conceito de Darcy Ribeiro sobre como se fundou a sociedade brasileira – através da miscigenação da “raça” branca (português), negra (povos africanos) e índio (nativos brasileiros) – outros autores ao olhar de outra maneira, menos “poética”, olham, além deste primeiro momento da miscigenação um tanto forçada na maior pare do tempo entre estes três grupos.

Outros grupos que fizeram parte da formação da sociedade brasileira vieram, principalmente, da Europa. Muitos países da Europa tiveram sua contribuição na imigração brasileira: Espanha, Portugal, Itália, Alemanha, Suíça, Holanda,Ucrânia. Além disso, tivemos a imigração chinesa, coreana, japonesa, estadunidense, boliviana, sírio-libanesa, e outras imigrações menos representativas. Em todo caso, cada um destes grupos possibilitaram mudanças na realidade cultural no Brasil desde o século XVI. É evidente, e não podemos descartar, que o Brasil como colônia tinha outras características que hoje já não são as mesmas, inclusive naquilo que ainda é muito forte: a religião. Os dogmas católicos já resultaram em punições severas para os tidos como hereges ou pagãos. Hoje, depois de séculos de iluminismo e liberalismo, os direitos individuais se fortaleceram, como o direito a vida.

Todos os povos, isolados ou não, possuem mudanças em sua cultura com o passar do tempo. No caso brasileiro, encontramos essas mudanças no idioma, na alimentação, no vestuário. Exemplo: Mandioca (Manioca – Tupi), Nhoque (Gnocchi – italiano), calça jeans (genes – italiano, mas difundido como jeans por Levis Strauss – estadunidense). Todas estas coisas, e outras mais fazem parte do nosso dia a dia e compõem nossa cultura. Um dos primeiros a estudar esse fenômeno foi John Wesley Powell, um geólogo estadunidense. Na segunda metade do século XIX, após ter estudado a cultura indígena do oeste dos EUA, Powell começou a estudar  fenômeno da imigração italiana para o país. Deste estudo, percebeu que as características de uma cultura podiam ser adquiridas pela outra à partir do contato, a modificando, independente do distanciamento ou discriminação que um grupo cultural possa ter em relação ao outro. A esta “troca” de características, Powell deu o nome de aculturação.

Outro fenômeno que se aproxima deste é outro, mais raro: a Assimilação. Neste fenômeno, um grupo cultural mais forte “absorve” o grupo cultural mais fraco. No Brasil, muitos dos imigrantes se casaram com brasileiros, ou os seus filhos, fazendo que muito do era uma cultura de povo, mas isolada em uma família, se “diluísse” em meio a sociedade brasileira, restando apenas algumas características do povo nos descendentes destes imigrantes. Outro ponto foi a destruição dos tupinambás: as mulheres eram capturadas e forçadas a viver com os portugueses que vieram morar no Brasil; os homens, ou eram escravizados, ou mortos em “guerras justas”. Os séculos que se seguiram desde a chegada das primeiras embarcações de Portugal, os tupinambás e outros grupos étnicos deixaram algumas de suas características – produtos alimentícios, técnicas de artesanato, armas – mas a grande etnia Tupi foi dizimada.

Estabelecidos e Outsiders:

Os termos estabelecido e outsider surgiram como demandas para estruturar um caso estudado por Norbert Elias. O autor analisou o caso de delinqüência em uma cidade inglesa que ele rebatizou de Winston Parva (o nome original não é citado no livro). Assim como muitos pensadores no campo das ciências sociais, Norbert Elias foi discriminado. O seu conceito – outsider – assim como o conceito de Georg Simmel – estrangeiro – podem ser usados para descrever essa discriminação destes dois autores e do antropólogo brasileiro Florestan Fernandes no meio acadêmico. Podemos traduzir, de maneira pobre, o termo outsider como o “de fora”, alguém que não faz parte do grupo. Por não corresponder ao conceito em inglês é que ele não é traduzido.

O estudo fazia, inicialmente, uma análise da taxa de delinqüência entre dois bairros, um mais antigo e um mais novo. Foi verificado nesta análise que a taxa de delinqüência juvenil no bairro mais novo era maior que o do mais velho, entretanto, antes do terceiro ano de pesquisa, Elis mudou o enfoque ao perceber que o problema principal não estava na delinqüência, tanto que após o terceiro ano a taxa diminuiu, equiparando-se as taxas dos dois bairros. Assim, Elias começou a estudar as relações de poder que ocorriam entre estes dois bairros, e como as pessoas do bairro mais antigo discriminavam as pessoas do bairro mais novo.

(…) o grupo estabelecido atribuía aos seus membros características humanas superiores; excluía todos os membros do outro grupo de contato social não profissional com seus próprios; e o tabu em torno desses contatos era mantido através de meios de controle social como a fofoca elogiosa no caso dos que o observavam, e a ameaça de fofocas depreciativas contra os suspeitos de transgressão (…)” (ELIAS, p. 20, 2000)

A relação se mantém assim: os estabelecidos se vêem como o grupo dos “melhores”, os “superiores”, enquanto este grupo vê o grupo dos outsiders como o grupo dos “inferiores”, um grupo que não teria o que Elias chama de “carisma grupal”, algo que os estabelecidos acreditam ter. Nessa relação entre os dois grupos, os estabelecidos mantêm um estigma sobre os outsiders. O estigma estaria ligado principalmente a falta daquele “carisma grupal”, pois o grupo menos coeso não compartilharia os valores do grupo mais coeso, o que caracterizaria uma desorganização deste primeiro grupo e, conseqüentemente, a perspectiva de que tal grupo não deveria ser bem visto. O estigma, ao contrário do preconceito, não se dá por cada indivíduo, mas sim pelo grupo todo.

No caso de Winston Parva, o que produzia a distinção entre os dois grupos era diferença de tempo dos bairros: O grupo dos estabelecidos já vivia há três gerações na região, enquanto os outsiders moravam em um loteamento recente. Essa estabilidade criada pelo tempo possibilitava uma maior coesão dentro do grupo dos estabelecidos, estruturadora de um poder, e este poder seria usado em prol do grupo como forma de manter-se o poder. Elias entendia que esta era apenas uma das várias justificativas para o poder que os estabelecidos poderiam ter. As outras justificativas de poder de um grupo poderiam se constituir na cor, religião, etnia, nacionalidade, ou outras formas de reconhecimento de pertencimento de um grupo mais coeso, operando em contraposição a um grupo de coesão mais fraca ou inexistente (religião com maior poder x religião com menor poder, etnia com maior poder x etnia com menor poder, etc.). Essa presença de organização de grupo mai coeso é que o possibilita a manutenção do poder dentro deste grupo, contanto que o outro grupo se mantenha sem coesão ou com coesão mais fraca do que o grupo mais coeso. Esta coesão não é um simples caso dela existir ou não. A existência de uma coesão, em qualquer grupo estabelecido, se constitui através da aceitação das regras do grupo por todos os seus membros. Em Winston Parva, o resultado desse poder e coesão dentre os estabelecidos mantinha um controle em cargos públicos de eleição direta da população local, como cargos em conselhos, principalmente, os quais os outsiders não conseguiam obter pela falta de coesão da população do novo loteamento.

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1º ano do EM – A sociologia e o trabalho do sociólogo

3 de abril de 2010 3 comentários

Senso Comum

Olhar Científico

  • A situação “é porque é” – (fato natural).

Perspectiva acerca do linchamento:

O linchamento é uma agressão a um criminoso;

Linchar é “fazer justiça pelas próprias mãos”.

  • Se um fato ocorre no meio social, possível-mente ele tem caráter social e só poderá ser entendido se entendermos sua relação com o meio social.

Perspectiva acerca do linchamento:

O linchamento é um fenômeno social;

O linchamento é entendido para quem o faz como um bem feito para a sociedade, apesar de ser um crime.

Acerca do estudo sobre linchamento:

Entende-se que o linchamento é uma relação que se dá entre um indivíduo deslocado da sociedade e a sociedade em si. Neste momento, o indivíduo transgressor, o “criminoso”, passa a ser discriminado, porém, para a sociedade agredir o transgressor, deve ser haver uma ação coletiva. De acordo com José de Souza Martins, a referência social frágil da grande parcela da população seria o primeiro passo para se haver o linchamento. Assim, essa mesma sociedade acredita, olhando para o caso do Brasil, que o sistema judiciário não punirá o criminoso como este merece – e não pune mesmo, já que não é essa a sua missão -, seja por um Estado fraco, seja por leis muito frágeis. À partir disso, a sociedade assume a posição do Estado com o intuito de “fazer justiça”. O método de punição é retrógrado, como o que ocorria na Idade Média: violência com o intuito de ferir até a morte, se necessária.

O Estado assumiu a perspectiva dos intelectuais dos séculos do Iluminismo: Deve-se resguardar os direitos individuais dos indivíduos, inclusive o da vida. Para que esses direitos possam coexistir com o sistema punitivo do Estado, este tem que possibilitar que o criminosos volte ao seio da sociedade através de uma sistema que o reabilite. No caso do Brasil e em outros locais do mundo é que entra a contradição: O que alguns grupos da sociedade acreditam como crime e como justiça não precisa estar resguardado pelo Estado.

O Olhar Científico:

Partindo da análise do estudo sobre linchamento, podemos olhar para outros fenômenos sociais: O que é religião? O que é violência? O que é o suicídio?

Dentre os inúmeros fenômenos sociais, os pontos fundamentais no estudo dos casos são a fuga da superficialidade e do imediatismo na busca de uma resposta, além da racionalidade sem preconceitos, uma metodologia neutra, que possibilite atingir uma verdade ou um entendimento do objeto de estudo. Este é o ponto fundamental para uma conclusão muito mais sofisticada que os “achismos” que estão difundidos pelas mídias. Isto que deve ser lembrado em todos os estudos feitos, pois assim é possível manter a busca por outros pontos de vista e chegar a uma conclusão ou ao menos a uma crítica sobre as informações que chegam até nós.

Momento histórico do surgimento da Sociologia:

A Sociologia surge como ciência em um momento em que as grandes transformações sociais – êxodo rural, revolução industrial e crescimento das cidades – fazia parte da realidade de uma grande maioria da população na Europa e EUA. Essa mesma modificação que para as classes dirigentes se mostrava necessário para o desenvolvimento, para a população, de um modo geral, tudo parecia uma grande desorganização que afetava diretamente os parâmetros entendidos como necessários para qualquer sociedade. Dentre algumas mudanças dessa nova realidade está a energia elétrica: Um artigo que hoje é indispensável para a sociedade já foi, há quase dois séculos, uma tecnologia das mais instigantes e avanças. Na cidade, enquanto as velas ainda impossibilitavam que o dia perdurasse por mais que algumas poucas horas após o crepúsculo, a energia elétrica poderia produzir luz artificial nas outras 12 horas que não haveria sol. Assim, as indústrias passavam a ter 24 horas ininterruptas de trabalho humano, que até então estava acostumado a acordar com o nascer do sol e ir dormir pouco tempo depois do sol se pôr. Além dessa mudança, a produção no campo passava acumular nas mãos de poucos produtores de lã todas as grandes terras da Inglaterra – berço da Revolução Industrial -, o que induziu que grandes contingentes humanos se deslocassem para a cidade para trabalhar. Além desse monopólio, outro motivo que levou o êxodo rural foi a busca de maior liberdade que os centros urbanos possibilitavam as pessoas que ainda vivam sob a ótica de um mundo puramente conservador, atrelada a uma moral milenar. Todas essas características revolucionaram a sociedade, para o bem e para o mal. Nessa perspectiva de caos, Augusto Comte pensa em uma ciência que deveria dar conta dessas novas demandas de reorganização social desta nova sociedade ainda entendida como desorganizada.

Mesclando conceitos da Psicologia, Economia, Filosofia da História e Ética, Comte começou a dar os primeiros passos para a constituição de uma ciência autônoma: a Sociologia. Inicialmente, a Sociologia deveria entender os novos fenômenos, e como resposta, explicou que nenhum fenômeno dentro de uma sociedade era natural ou espiritual, advindo de outras esferas que não do meio desta sociedade. Apesar disso, os vários estudiosos que se voltaram aos estudos sociológicos começaram a divergir nos métodos de análise, bem como em algumas conclusões. Cada autor, à partir de um determinado enfoque – econômico (Marx), histórico e causal (Weber), interação e integração entre os indivíduos (Durkheim), entre outros – chega a uma determinada conclusão. Esse é o grande problema dos estudos sobre a sociedade: Ela é muito complexa para simplesmente olharmos como se fosse possível entendê-la em partes e/ou fora de um contexto histórico.

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Turmas que não poderão mais sair da sala

22 de março de 2010 Deixe um comentário

Pessoal,

Em decorrência do que houve 12/03 e no dia 22/03, os alunos das turmas 1°I e 2°C (Porphyrio) não terão mais o direito de sair na aula de sociologia. Não voltarei atrás com a medida até que as turmas apresentem melhora em relação a disciplina e respeito em sala. Lembrem-se que não foi um erro da sala toda, mas como já havia dito, “todos pagam pelo erro (grave) de um”.

Prof. Leandro

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2º ano do EM – O estrangeiro sob o ponto de vista sociológico

7 de março de 2010 6 comentários

Se alguém faz uma análise mais aprofundada sobre si próprio, perceberá que não é uma pessoa deslocada de seu tempo, assim como não é deslocada de suas origens. Para muitos, a origem de seus antepassados é totalmente brasileira, mas para outros, ela se dá através da mudança de familiares para cá como imgrantes.

No século XIX começaram a chegar muitos imigrantes, principalmente da Europa, para substituirem os escravos na lavouras, por causa do fim do tráfico negreiro. Outros motivos foram: os donos de fazendas não queriam pagar salários para ex-escravos e havia uma política que buscava o clareamento da população.  De italianos, ao contrário do que eu disse para algumas turmas, chegaram ao Brasil aproximadamente 1,5 milhão de italianos.  Destes vários imigrantes – onde se enquadram também os alemães, poloneses, ucranianos, japoneses, chineses, espanhóis, sirio-libaneses, armênios, coreanos – alguns se espalharam co suas famílias e outros se organizaram em colonias ou vilas. Os grupos que se mantiveram unidos até hoje conseguiram resguardar a cultura de seus antepassados, ao contrário de outros indivíduos que simplesmente se misturaram ao resot da população brasileira. Assim, encontramos colônias japonesas espalhadas pelo Brasil, assim como bairros com grupos de descendentes de grupos de imigrantes predominantes ou até cidades fundadas por grupos de imigrantes, como por exemplo: as cidades de Americana e Holambra (de origem estadunidense e holandesa, respectivamente), e os bairros da Moóca, do Bexiga e da Liberdade, na cidade de São Paulo (sendo os dois primeiros de origem italiana e o outro de origem japonesa). Nestes lugares, a cultura pode ser vista nos estabelecimetos comerciais, no dialeto e nas festas tradicionais.

O que ainda é muito visível, independente de onde se esteja, é o caso do fenômeno dos dekasseguis – com um grande aumento na quantidade de descendentes de japoneses que vão para o Japão trabalhar – e, ainda sobre os nisseis e sanseis, o fato de muitos andarem em grupos formados por outros descendentes de japoneses. Isto se dá pela força da cultura que faz com que os seus pais sejam muito rígidos na formação dos filhos, até mesmo sobre os seus relacionamentos.

Uma curiosidade: O “Moinho de Holambra” funciona como os moinhos holandeses, não sendo meramente um enfeite.

O estrangeiro sob a ótica de Georg Simmel

Temos na toeria de Georg Simmel uma distinção entre o vinajante e o estrangeiro. Mesmo usando corriqueiramente estrangeiro como todo e qualquer indivíduo que não seja do país do qual estamos olhando. Neste caso, Simmel estabelece aqueles que viajam, mas não se estabelecem (viajantes), e os que viajam para se estabelecer no local de destino (estrangeiro). Assim, não é necessário que essa pessoa tenha vindo de outro país, mas sim de qualquer lugar, longe ou perto do local de destino. O estrangeiro se destaca dos outros integrantes do local de destino por suas particularidades: cultural, idioma, características físicas. Por estes mesmos motivos, ele nunca se insere totalmente no grupo, às vezes, nem os seus descendentes. A relação que se dá entre os estrangeiros e os habitantes locais sempre se configura na relação de amizade entre aluns membros deste grupo, mas de um distanciamento e desprezo, por ambas as partes, quando se olha a relação com o grupo por suas diferenças.

Daí surge a pergunta: Por que o indivíduo imigra?

Como afirmam os textos das páginas 21-22 e 23, um primeiro movimento é o da impossibilidade dos imigrantes, dando destaque para aqueles que vieram para o Brasil, de se manterem nas suas terras pelos custos de produção e de impostos; por não conseguirem pagar suas dívidas contraídas; não poderem sustentar suas famílias em suas terras e; por não conseguirem comprar uma porção de terra quando buscava constituir família. O segundo movimento ocorre nas cidades: Aqueles que saem do campo aumentam vertiginosamente o quadro de mão-de-obra na indústria, que não consegue ser absorvido ou passa a ter que aceitar subempregos para poderem sobreviver. O terceiro e último movimento é a sedução que muitos passaram a receber com propagandas sobre fazer a vida na América: Muitos acreditavam que na América teriam a possibilidade de terem terras, fazerem fortuna com pouco trabalho, ou ao menos fazerem fortuna.

Depois que o fenômeno imigratório cessou, os imigrantes tiveram inúmeros resultados para não voltarem, mesmo depois da estabilidade econômica na Europa e Japão, pós 1960:

  • Muitos não conseguiram enriquecer como as propagandas afirmavam. Mantinha-se a intenção de “fazer a América”;
  • Outros, ao contrário, enriqueceram ou se estabeleceram muito bem no país, não havendo motivos para volatrem para seus países de origem, correndo risco de ficarem pobres de novo;
  • Um outro grupo se estabeleceu no país, casando-se  aqui e constituindo família, além de perderem o contato com seus parentes de sua terra natal;
  • E havia o grupo de imigrantes que, ou achavam que o Brasil era um país melhor que o seu próprio; ou achavam que o seu país era muito ruim e, mesmo achando que o Brasil não era ótimo, ainda era melhor que a pátria mãe.
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